Fantasma de Goya
Da beleza estonteante
Da presença
e sorriso
Restou apenas um fantasma errante
Teus olhos que antes me amparavam
Teu sorriso cativante
Teu cheiro
Vestido
Não sobrou nem um mero vestígio
Que precisava e ainda preciso
O quão cruel foram contigo
Meu doce amor
Te arrancaram teu precioso riso
Chorei quando te vi aquela manhã
Sofri e ainda sofro
Nada fiz
E na minha surdez me amparei
Refugio da minha cobardia
Me martirizei
ainda o faço
Mas eu sei
Que diante de tudo e todos
convencido da minha própria miudez
eu nada podia
Quis gritar
aos céus
Com minhas mãos
a própria carne rasgar
Me perdoe Inês
por naquele momento difícil
do teu lado não estar
E no fim de tudo
Quando o morto jazia na carroça
estava lá a molecada ao redor
Caminhando
Dançando
e fazendo troça
No ápice da tua insanidade
tu ainda permanecia
de mãos dadas com o finado
Aquele bebê
fruto do pecado
junto a teu corpo torto
tornou tudo poético e triste
Para com o finado
a justiça fora feita
Mas tu terminaste
perdida num sonho
Que para mim
não passava de um pesadelo
A carroça
O finado
Inês
O bebê
A molecada
A música que não ouvia
Como se nunca tivessem existido
desapareceram na esquina.
Me perdoe Inês.
Guilherme Gonçalves
Rio de Janeiro 13/12/2008
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