Profundezas do Sentir

Com os olhos vendados
Ele mergulha na incógnita
caminhando vacilante
nas veredas da vida
E na escuridão
tua voz reverbera
triunfando preciosa
sobre os vultos distorcidos

Com as mãos amarradas
em arames farpados
Ele tenta tocar
teu rosto maculado
Sangue
Choro
Desejo
O soluço sufocante
a fúria explosiva
a paixão tocante
deste ser
destinado a sofrer

E agora com os ouvidos privados
da doçura da tua voz
vacila diante do vácuo sombrio
Mas, ele ainda resoluto
busca te sentir
neste imenso oceano revolto
que se encerra no teu peito

Aventurando-se
nestas águas profundas
Por vezes escura
Teme perder-se
mas teu riso é encantador
é convidativo!

Logo o medo se esvai
escorre entre os dedos
como grãos de areia
que caem nas águas
deste oceano
E ao toca-la
realizam uma dança
sedutora
num vai e vem frenético
rodopiante
E a cada giro
Seus olhos se encontram
Brilhantes
trocam segredos sigilosos
E se perdem nas profundezas
do sentir...

Guilherme Gonçalves

Rio de Janeiro 08/07/2009